Falcão-peregrino (Falco peregrinus)

O falcão-peregrino (Falco peregrinus) é uma ave extraordinária, atingindo velocidades incríveis superiores a 320 Km/h.  Isto faz dele o ser vivo mais veloz do planeta, o que justifica o facto de ser uma das aves mais admiradas da fauna mundial.

[© Armando Caldas, todos os direitos reservados] – Falcão-peregrino adulto.

Taxonomia
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Falconiformes
Família: Falconidae
Género: Falco
Espécie: Falco peregrinus
 
Distribuição e Ecologia
Estatuto de conservação em Portugal: “Vulnerável” (VU). Espécie com população muito reduzida (entre 75 e 110 casais).
O falcão-peregrino é uma espécie cosmopolita, que apenas não existe na Antártida. Ocorre por quase toda a Eurásia e nidifica na maioria dos países Europeus. Em Portugal tem uma distribuição bastante alargada, mas dispersa tanto no interior como no litoral (Pode ver o mapa de distribuição aqui).
Normalmente não ocupa zonas muito florestadas, estando associado a paisagens com afloramentos rochosos de média a grande dimensão, em vales, serras e falésias marinhas. Durante a época de reprodução habita toda a costa portuguesa com falésias elevadas, incluindo a Berlenga e os Farilhões e também zonas montanhosas ou rios com fragas do interior (como o Parque Nacional da Peneda-Gerês ou o Douro Internacional). Fora desta época surge com frequência em espaços abertos ricos em caça, como as planícies do Alentejo ou algumas zonas húmidas. Pode ocorrer também em zonas urbanas e suburbanas, havendo várias observações no Porto e em Lisboa.
As aves nidificantes em Portugal são residentes e permanecem muitas vezes nos seus territórios durante todo o ano. A ocorrência de indivíduos em locais onde a espécie não nidifica é justificada por juvenis em movimentos de dispersão e aves migradoras oriundas de áreas de reprodução mais setentrionais. Alguns destes animais migradores possivelmente estarão apenas de passagem, com origem do Norte da Europa rumam às suas zonas de invernada na África Ocidental.
De hábitos diurnos, o falcão-peregrino é conhecido pela sua habilidade na captura das suas prezas. Esta ave é o ser vivo que atinge as maiores velocidades do planeta; em voo horizontal atinge velocidades superiores a 150 Km/h e em voo picado mais de 320 km/h. Utiliza os dois tipos de voo para perseguir as suas presas, mas o voo picado é mais imprevisível e eficaz, matando muitas vezes a presa só com o impacto. Pode ver o falcão-peregrino a caçar no vídeo em baixo.
Alimentação: é uma espécie ornitófoga, o que significa que se alimenta quase exclusivamente de aves. Qualquer ave que esteja presente no seu território não está a salvo, no entanto, tem preferência por pombos.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=r7lglchYNew]

Morfologia Externa e Identificação
Comprimento: ♂ entre 38 – 45 cm; ♀ entre 46 – 51.
Envergadura: ♂ entre 89 – 100 cm; ♀ entre 104 – 113.
Falcão de dimensão média a grande, com uma diferença de tamanhos bastante notória entre sexos (a fêmea é maior e mais pesado). É corpulento, com o peito “pesado”, tem as asas pontiagudas e cauda de tamanho médio. Em voo, mantém as asas um pouco fletidas notando-se as articulações carpais bem dobradas. Os batimentos das asas são relativamente rápidos e muito amplos, interrompendo de vez em quando para planar. Quando a presa é avistada os batimentos tornam-se mais rígidos e a ave aumenta de velocidade. Pode aproveitar correntes térmicas para planar.
O falcão-peregrino apresenta a parte superior cinzento-ardósia, o uropígio cinzento-azulado pálido e a coroa e o bigode (largo e nítido) negros. As faces e garganta são de um branco liso, característica com maior extensão no macho. O resto da parte inferior do corpo é branca com barras horizontais escuras, assim como, a cauda apresenta barras transversais pretas tanto na parte superior como na inferior. O bico é azul-claro com ponta escura, as patas são amarelas com unhas pretas e a íris é também preta.
Os juvenis distinguem-se dos adultos por apresentarem o peito e o abdómen com riscado vertical castanho e pelas partes superiores acastanhadas.
Pode ouvir o chamamento do falcão-peregrino aqui.

[© Armando Caldas, todos os direitos reservados] – Falcão-peregrino juvenil.

Reprodução
Os ninhos são construídos em escarpas, edifícios e, por vezes, em árvores. Em Portugal, são encontrados quase exclusivamente em escarpas, mas ocasionalmente são reutilizados ninhos de outras espécies construídos em árvores.
A época de reprodução tem início em Fevereiro e os indivíduos de um casal mantêm-se unidos para sempre. As posturas são compostas geralmente por 3 a 4 ovos e a incubação dura 29 a32 dias. As crias estão aptas para voar passados 35 a 42 dias após a eclosão e tornam-se independentes passados mais dois meses.

Bibliografia
Cabral, M.J., Almeida, J., Almeida, P.R., Dellinger, T., Ferrand, A.N., Oliveira, M.E., Palmeirim, J.M., Queirós, A.I., Rogado, L., and Santos-Reis, M. (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. (Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa).
Catry, P., Costa, H., Elias, G., and Matias, R. (2010). Aves de Portugal: Ornitologia do Território Continental. (Lisboa: Assírio & Alvim).
Nicolai, J. (1999). Aves de Rapina. Evereste Editora.
Ponitz, B., Schmitz, A., Fischer, D., Bleckmann, H., Brucker, C. (2014). Diving-Flight Aerodynamics of a Peregrine Falcon (Falco peregrinus). PLOS ONE 9(2).
Svensson, L. (2012). Guia de Aves (2º edição). Assírio & Alvim, Porto.
http://naturlink.sapo.pt/Natureza-e-Ambiente/Fauna-e-Flora/content/Falcao-Peregrino-o-voo-do-missil?bl=1&viewall=true#Go_1

Foto de capa de Armando Caldas

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *