Urso-pardo-europeu (Ursus arctos arctos)

Sabia que em Portugal já existiu o urso-pardo-europeu? Em tempos o urso-pardo-europeu era o maior carnívoro da fauna portuguesa, no entanto, como consequência da sua extinção em território nacional, esse estatuto passou a ser do lobo-ibérico (Canis lupus signatus). Conheça ao longo deste artigo a história de uma das espécies mais incríveis da Europa.

Imagem de Tapani Hellman por Pixabay
Urso-pardo-europeu adulto

Taxonomia
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnivora
Família: Ursidae
Género: Ursus
Espécie: Ursus arctos
Subespécie: Ursus arctos arctos

Em Portugal ocorria a mesma subespécie que atualmente está presente noutras regiões da Europa e Ásia, o urso-pardo-europeu (Ursus arctos arctos).

Imagem de Tapani Hellman por Pixabay
Urso-pardo-europeu adulto

Estatuto de Conservação e Abundância
O urso-pardo-europeu encontra-se extinto em Portugal e não se sabe ao certo o momento da sua extinção, mas este tema será abordado com maior detalhe no capítulo seguinte.
A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) classifica a subespécie na bacia do Mediterrâneo como “Vulnerável” e na Europa como “Pouco Preocupante”.

Portugal


Bacia do Mediterrâneo

Distribuição Mundial
O urso-pardo-europeu ocorre na Europa e na Ásia, sendo que é neste último continente onde se encontram as maiores populações da subespécie. Só na Rússia, estima-se a presença de mais de 100 000 indivíduos, já na Europa, estima-se que existam cerca de 15 000, ocorrendo em diferentes populações de pequenas dimensões, dispersas e desconectadas. Os principais redutos situam-se nos Cárpatos, nos Balcãs e no Norte da Escandinávia, mas existem populações mais pequenas nas montanhas Cantábricas espanholas, nos Alpes, nos Apeninos Centrais da Itália e nos Pirenéus. 
Na Península Ibérica, o urso sofreu uma acentuada redução ao longo dos séculos e encontra-se actualmente circunscrito à Cordilheira Cantábrica (com uma população estimada em 370 ursos) e aos Pirinéus (com cerca de 76 indivíduos).


©️ Portugal Selvagem

Mapa de distribuição mundial e nacional urso-pardo (Ursus arctos).

Distribuição histórica e processo de extinção em Portugal
A relação das comunidades humanas com o urso originou um património cultural único, que suportam a ocorrência da espécie em território português, num passado recente. Desse património destaca-se a presença de estruturas dedicadas à sua captura, assim como, mecanismos de proteção dos bens contra os seus ataques.
Os muros apiários, vulgarmente denominados de silhas, são talvez o exemplo mais evidente. As silhas são estruturas de grandes dimensões e elaboradas, cujo principal objectivo é impedir a entrada de ursos no interior do recinto. Em Portugal encontram-se identificadas várias estruturas desta natureza, caracterizadas por muros com mais de dois metros de altura e com um metro de espessura. Existem 27 concelhos em Portugal onde a presença de silhas está confirmada e 11 onde a presença é provável, sendo um importante testemunho material da presença histórica desta espécie em Portugal.
A presença do urso também pode ser comprovada por registos documentais, alguns dos quais remetem para os séculos XI e XII. O urso, desde o início da Idade Média, era considerado um dos maiores alvos de caça de entretenimento e, em simultâneo, de preparação guerreira, por parte da classe mais nobre. Por essa razão, foi desde cedo alvo de protecção por parte da monarquia, através da limitação da caça.
Mas a presença do urso-pardo-europeu em Portugal vai muito além destas datas e sabe-se que no século XV, ainda ocorria a Norte do rio Douro e em vários locais no interior do país, nomeadamente, na Beira Interior e no Alentejo. No entanto, é a partir desta altura que a distribuição do urso parece começar a diminuir, principalmente na metade sul, devido à perseguição directa e à destruição de vastas extensões de floresta. Como resultado, no final do século XVI a ocorrência da espécie em Portugal estaria circunscrita às montanhas fronteiriças do extremo Noroeste, nomeadamente à Serra do Gerês.
A data de extinção do urso em Portugal é um pouco questionável. Documentos do século XVIII indicam que o último urso foi morto em 1650, na Serra do Gerês, mas atualmente existem evidências que indicam que o urso terá existido em Portugal para além do século XVII, em particular na região fronteiriça, compreendida entre a Serra do Laboreiro e a Serra de Montesinho. Em 1835 foi publicada uma notícia que alude para a programação de uma caçada ao urso na Serra de Montesinho. Existem ainda outras referências que indicam que em meados do século XIX existiam ursos nas montanhas do Minho e Trás-os-Montes, embora de forma irregular, e que até 1930 subsistiam alguns exemplares na zona fronteiriça da Serra do Gerês.
Com base nestes dados, é possível que o urso tenha ocorrido nas Serras do Norte até meados do século XX, mas é importante realçar que a existência da espécie em Portugal durante o século passado, poderá ter tido origem de movimentos dispersivos de indivíduos provenientes de Espanha.

Concelhos com edificação confirmada ou provável de silhas (destinados à protecção face ao urso)

Recentemente, foi confirmada a presença do urso-pardo-europeu em Montesinho, numa zona próxima da fronteira com Espanha. A presença da espécie correspondeu a pelo menos um indivíduo dispersante, muito provavelmente oriundo da subpopulação ocidental da Cordilheira Cantábrica. Em Espanha, nas últimas duas décadas, foram registados movimentos de indivíduos próximos do distrito de Bragança e é possível que a espécie comece a aparecer com maior frequência em Montesinho de forma errante. No entanto, o urso-pardo é uma espécie que necessita de territórios de grande dimensões, com habitats pouco perturbados e com alimento suficiente para se fixar e prosperar.
Desta forma, para que o urso se estabeleça em Portugal e volte a ter populações reprodutoras sustentáveis, será necessário promover a criação de corredores ecológicos (em Portugal e Espanha), de forma a incentivar e facilitar os movimentos de expansão da espécie. Este seria um projeto ambicioso e de difícil implementação, que iria requerer a conservação do habitat favorável existente e o restauro das áreas que estejam mais degradadas, através da regeneração natural e plantação de espécies que forneçam o alimento e refúgio necessário. Seria igualmente importante o envolvimento das comunidades locais, especialmente caçadores, agricultores, criadores de gado e proprietários das áreas alvo, neste processo e criar esquemas de prevenção e compensação para os estragos que a espécie eventualmente possa causar, evitando tanto quanto possível conflitos.
Os grandes predadores são verdadeiros engenheiros das paisagens, alterando a estrutura e composição dos habitats naturais, influenciando a estrutura e composição da vegetação e as populações de outras espécies, até ao nível dos invertebrados do solo. A presença do urso em Portugal seria uma mais-valia para os nossos ecossistemas, assim como para o desenvolvimento económico local, através de oportunidades de ecoturismo, uma atividade cada vez mais procurada e em desenvolvimento.

Ecologia e Comportamento
Habitat: No passado, o urso-pardo-europeu ocupava vários tipos de habitats na europa, incluindo florestas decíduas e de coníferas, bosques e matagais mediterrânicos, estepes e tundras. Atualmente, devido à destruição dos habitats e à presença humana, a espécie é encontrada principalmente em regiões montanhosas, com florestas e cobertura vegetal densa e desenvolvida e com pouca perturbação humana.

©️ Daniel Santos
Urso-pardo-europeu adulto

Comportamento: O urso-pardo é principalmente uma espécie crepuscular e noturna, embora em regiões com menor atividade humana possa estar ativo durante o dia. Durante os meses mais frios hibernam em cavidades subterrâneas ou em cavernas forradas com vegetação seca. Os ursos do Norte passam por um período de inatividade que dura entre 5 e 7 meses, enquanto que no Sul, o tempo médio é de cerca de 3 meses. No entanto, nas regiões mais amenas, muitos ursos não hibernam durante todo o inverno e alguns podem até manter-se ativos durante todo o ano.
Como já referido, precisam de grandes áreas para sobreviver, mas a dimensão do domínio vital varia muito entre anos, entre estações e entre sexos. A área média em Espanha é de aproximadamente 25 km2, mas pode chegar aos 1272 km2.
O urso-pardo é uma espécie solitária, mas pode aglomerar-se em grandes números junto dos recursos alimentares. Apesar de serem solitários, os domínios vitais dos machos rodeiam os das das fêmeas e sobrepõem-se aos dos outros machos. Depois de deixarem a progenitora, os irmãos podem manter-se juntos durante um ou dois anos e no caso dos machos jovens, podem dispersar mais de 100 km.
O urso não é um corredor de longa distância, embora em distâncias curtas possa atingir 60 km/h. Move-se de forma ágil para o seu tamanho, mesmo em áreas rochosas e íngremes e até os machos mais pesados, são capazes de ​​subir aos últimos ramos das árvores para comer os primeiros frutos maduros.

Imagem de Tapani Hellman por Pixabay
Urso-pardo-europeu adulto

Ao contrário do urso-polar ou do urso-pardo-americano, o urso-pardo-europeu não é um animal agressivo. A sua alimentação, baseada principalmente em material vegetal, e o seu menor tamanho, conferem-lhe um carácter mais tranquilo. Além disso, os séculos de convivência com o homem moldou o seu comportamento, tornando-o calmo e esquivo.

Predadores e Estratégias de Defesa: Pode viver mais de 30 anos em liberdade, sendo a mortalidade das crias particularmente alta durante o primeiro ano de vida. É uma espécie de topo na cadeia alimentar e, por isso, não apresenta inimigos naturais.

Dieta: O urso-pardo é uma espécie omnívora, que se alimenta de bagas, gramíneas, ervas, raízes, bolotas, carcaças, insectos e mais esporadicamente de ungulados. Nas montanhas Cantábricas, o material vegetal parece ser a fonte de alimento principal ao longo do ano, incluindo, por ordem de importância, plantas herbáceas, frutos silvestres de casca dura, frutos silvestres de casca mole, ungulados e insetos. O gado e os ungulados selvagens são alimentos complementares para os ursos, geralmente obtidos de animais encontrados mortos, em vez de predação.

Morfologia Externa e Identificação
Biometrias
: Em tempos o urso-pardo-europeu era o maior carnívoro da fauna portuguesa, no entanto, como consequência da sua extinção em território português, esse estatuto passou a ser do lobo-ibérico.
O urso-pardo-europeu é mais pequeno do que os que se encontram noutras regiões do planeta, como é o caso dos ursos que vivem na ilha de Kodiak (Alasca) ou na península russa de Kamchatka, que podem ultrapassar os 3 m de comprimento e pesar mais de 600 kg. Na Europa, os machos adultos normalmente pesam entre 200 e 275 kg, enquanto que as fêmeas adultas pesam entre 95 e 250 kg. O maior urso-pardo-europeu já registrado pesava 481 kg e tinha quase 2,5 metros de comprimento.
Na Cordilheira Cantábrica, o peso médio de 13 machos e 15 fêmeas caçados entre 1957 e 1965 era de 113 e 85 kg, com máximos de 163 e 140 kg, respectivamente. Nos Pirinéus terá sido caçado um enorme macho em junho de 1848, que pesava 350 kg.
Tal como muitos outros mamíferos, as fêmeas são mais pequenas do que os machos e pesam entre 20 e 25% menos do que estes. Ao longo do ano o peso de cada indivíduo varia muito, sendo mínimo após a hibernação e máximo antes de entrarem neste período de inatividade.

©️ Daniel Santos
Urso-pardo-europeu adulto

Adulto: O urso-pardo-euroasiático é um animal de aspecto robusto e pesado, com uma cabeça grande e arredondada. As patas são de grandes dimensões e estão equipadas com garras que podem crescer até 10 cm de comprimento, enquanto que as orelhas são curtas e arredondadas. A cauda também é muito curta. Muda o pelo uma vez por ano, entre Abril e Junho, e a nova pelagem torna-se mais densa no Outono, para suportar melhor as temperaturas baixas do Inverno. A maioria dos ursos são castanhos, mas as colorações de alguns indivíduos podem variar, desde o creme-claro ao castanho-escuro. Na realidade, o mesmo indivíduo, em diferentes estações do ano e até mesmo com diferentes condições de iluminação, pode apresentar importantes variações de cor.
O dimorfismo sexual é pouco evidente, mas normalmente os machos são um pouco maiores do que as fêmeas.
Juvenil: Os juvenis nascem com cerca de 350g, com os olhos fechados, sem prelo e sensivelmente com o tamanho de um esquilo. Os ursos imaturos apresentam um anel mais claro à volta do pescoço.

Imagem de Marcel Langthim por Pixabay
Urso-pardo-europeu juvenil

Espécies similares: Não existem espécies similares ao urso-pardo-euroapeu na europa.

Indícios de presença: As pegadas de um urso-pardo-europeu são grandes e difíceis de confundir com as de qualquer outro animal. As marcas das patas dianteiras são maiores em largura do que em comprimento, chegando a 21 cm e 18 cm, respetivamente. As pegadas das patas traseiras são tão grandes quanto as de uma pessoa, sendo são mais longas e um pouco mais estreitas, chegando aos 27 cm de comprimento e 17 cm de largura. O urso tem cinco dedos em cada pé, formando um leve arco, e as marcas das garras são claramente reconhecíveis. A passada do urso tem cerca de 90 – 140 cm de comprimento. As pegadas do urso são parecidas com as do texugo (Meles meles), mas mesmo as das crias, em Abril ou Maio, já são maiores do que as do mustelídeo (6,0-6,5 cm de largura das patas dianteiras vs 4,5 cm de largura, respetivamente).

Pegadas do urso-pardo-europeu. As pegadas nesta imagem não correspondem ao tamanho real. Baseado em Olsen et al. (2013).

Os excrementos são facilmente reconhecíveis devido ao seu tamanho e podem ser moles ou firmes. Os mais consistentes são cilíndricos e têm entre 4 e 5 cm de espessura. Estes podem ser deixados em muitos lugares, mas, muitas vezes, podem ser abundantes onde há alimento em grandes quantidades, como junto de uma carcaça.
O urso arranha as árvores com suas grandes garras e também se esfrega nos troncos e mastiga a casca. Estes indícios da sua presença são deixados nos troncos na horizontal.

Reprodução
Na Península Ibérica, a época do cio do urso-pardo-europeu estende-se de Maio e Agosto. Os ursos são animais promíscuos e, durante este período, cada exemplar tenta copular com o maior número possível de indivíduos do sexo oposto. O vínculo do casal dura apenas alguns dias e os machos não desempenham cuidados parentais. Durante a época de reprodução podem haver lutas entre machos pelo acesso às fêmeas.
Os nascimentos ocorrem em janeiro, dentro das tocas, e as crias permanecem com a mãe entre 16 e 18 meses e, por isso, nas melhores das hipóteses as fêmeas parem a cada dois anos.

Imagem de Marcel Langthim por Pixabay
Urso-pardo-europeu fêmea com crias

Notas
Devido à diminuição do número de indivíduos no século XV, em 1412, D. João I proibiu a caça ao urso e posteriormente, D. Duarte (1433-1438), publicou uma lei que constitui provavelmente uma das primeiras leis direcionadas à protecção de uma espécie silvestre a nível nacional. Esta impunha uma coima de mil libras a qualquer um que matasse um urso por todo o reino, sem a autorização do rei.
Apesar disso, o povo continuou a perseguir pelos prejuízos que estes lhes causavam nas colheitas e no gado.

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