Sardão (Timon lepidus)

Este magnífico lagarto distribui-se por todo o país, mas ao longo dos anos tem vindo a diminuir bastante. Ainda nos dias de hoje é vitima de mitos e crenças, sendo muitas vezes morto pelas pessoas que acreditam nestas histórias sem fundamento.

© Armado Caldas
Sardão adulto.

Taxonomia
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Família: Lacertidae
Género: Timon
Espécie: Timon lepidus

Estatuto de Conservação e Abundância:
Devido ao seu grande tamanho, o sardão apresenta populações de baixo efetivo e, por isso, são mais vulneráveis a perturbações nos habitats. As populações desta espécie estão em clara regressão e pode já ser considerada rara em muitas zonas do Sul e Centro do país. A população da ilha da Berlenga, que terá sido isolada há cerca de 9.000-10.000 anos, apresentou um declínio dramático desde os anos 90 e poderá neste momento estar extinta. Apesar do sardão estar classificado com o estatuto “Pouco Preocupante” pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, é possível que esta classificação esteja desatualizada. A nível mundial as populações estão também em declínio acentuado e algumas populações insulares, assim como as italianas poderão estar perto da extinção. Neste caso a espécie está classificada com o estatuto “Quase Ameaçado” pelo IUCN.

Portugal
undefined

Mundial
undefined

Distribuição
O sardão é uma espécie restrita ao sul da Europa, estando presente por toda a Península Ibérica, na orla ocidental e Sudeste de França e no Noroeste de Itália. Em Portugal está presente em todo o território, mas a sua abundância e conspicuidade varia de acordo com o tipo de habitat.

Ecologia e Comportamento
Habitat: De uma forma geral, o sardão é menos abundante nas planícies do Sul, sendo mais comum nas zonas montanhosas do país. É uma espécie relativamente generalista, mas evita lugares muito húmidos e pode ser encontrada em zonas costeiras, zonas rochosas com vegetação, charnecas, matagais, terrenos cultivados e bosques. A presença do sardão depende da existência de refúgio. Encontra-se desde o nível do mar até aos 1800m, na Serra da Estrela.
Comportamento: O sardão normalmente hiberna nos meses mais frios do ano, estando ativo entre março e outubro. Nos dias mais quentes evita as horas de maior calor, permanecendo nos seus refúgios e nestes casos podem ser observados durante a noite. Os refúgios são escavados pelos próprios sardões ou então aproveitam as de outros animais, ou até cavidades naturais.
Predadores e Estratégias de Defesa: Este grande lagarto apresenta um comportamento curioso, pois consegue trepar às árvores, quer como método de fuga a predadores como à procura de alimento. É bastante esquivo e rápido, fugindo veloz e ruidosamente ao menor sinal de perigo. Quando encurralado, quer por um predador, quer pelo Homem, adota uma posição defensiva, elevando a cabeça e abre muito a boca. O sardão é predado por várias espécies de aves de rapina, cegonhas, garças, cobras e mamíferos. Nalguns locais, o sardão pode mesmo ser considerado uma espécie chave para a manutenção da qualidade dos ecossistemas, uma vez, que constitui a principal presa para a águia-real (Aquila chrysaetos) e para a águia-de-Bonelli (Aquila fasciata), quando as densidades das suas presas preferidas (coelho e a perdiz) são baixas. A longevidade máxima registada para esta espécie é de 17 anos em cativeiro e 11 anos em liberdade.
Os machos são territoriais expulsando os competidores violentamente, perseguindo-os e mesmo mordendo-os.
Dieta: essencialmente invertebrados, mas também vegetais e frutos. Para além disso, os animais maiores podem predar lagartixas, ovos e crias de aves e pequenos mamíferos.

© Armado Caldas
Sardão adulto.

Morfologia Externa e Identificação
Biometrias: Os adultos medem entre 15 e 80 cm de comprimento. É o maior lacertídeo da nossa fauna.
Adulto: O aspeto geral é robusto com membros fortes de 5 dedos. A cabeça é também grande e robusta, com mandíbulas fortes. A cauda é bastante comprida, podendo atingir o dobro do comprimento do corpo e é da mesma cor que o dorso. A cor dorsal é esverdeada ou amarelada, com um reticulado escuro. Nos flancos apresenta os famosos ocelos azuis, que dão o nome inglês à espécie “Ocellated lizard”. O ventre pode ser esbranquiçado, amarelado ou esverdeado.
Os machos apresentam uma cabeça consideravelmente mais larga e a coloração de fundo é mais intensa, sendo também os ocelos laterais mais marcados ou em maior número. Durante a época de reprodução os machos apresentam os poros femorais bastantes desenvolvidos.
A norte do rio Douro, pelo menos na região mais atlântica, parece ocorrer a subespécie T. l. iberica, que é mais pequena e de tons mais escuros, enquanto que no restante território pode encontrar-se a subespécie T. l. lepida.
Juvenil: Os juvenis nascem com cerca de 40-45 mm de comprimento e apresentam no dorso e flancos uma série de filas de ocelos amarelos claros rodeados de negro sobre um fundo acastanhado, acinzentado ou esverdeado. Espécies similares: Esta é uma espécie fácil de identificar e normalmente não é confundível com outros lacertídeos. A única espécie que poderia causar algumas dúvidas seria o Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi), mas os adultos do sardão distinguem-se pelos ocelos azuis, assim como pelo seu grande tamanho. Os juvenis distinguem-se pela presença dos ocelos amarelados por todo o dorso.
Espécies similares: Esta é uma espécie fácil de identificar e normalmente não é confundível com outros lacertídeos. A única espécie que poderia causar algumas dúvidas seria o Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi), mas os adultos do sardão distinguem-se pelos ocelos azuis, assim como pelo seu grande tamanho. Os juvenis distinguem-se pela presença dos ocelos amarelados por todo o dorso.

© Armado Caldas
Sardão juvenil.

Reprodução
Durante a época de reprodução, que ocorre entre março e maio, acentua-se o carácter territorial dos machos, sendo frequente violentas lutas. Antes de acasalar, o macho persegue e mordisca a fêmea na cauda e nos flancos do corpo. A postura ocorre entre maio e julho, variando entre 5 e 22 ovos. Para garantir as temperaturas certas e um certo grau de humidade, estes são enterrados debaixo de pedras, troncos ou manta morta. O período de incubação dura entre dois e três meses. A maturidade sexual é geralmente atingida no terceiro ou quarto ano de vida. 

Bibliografia
› Almeida., N.F., Almeida, P.F., Gonçalves, H., Sequeira, F., and Almeida, J.T.F.F. (2001). Guia FAPAS Anfíbios e Répteis de Portugal. (FAPAS, Porto).
› Cabral, M.J., Almeida, J., Almeida, P.R., Dellinger, T., Ferrand de Almeida, N., Oliveira, M.E., Palmeirim, J.M., Queirós, A.I., Rogado, L., and Santos-Reis, M. (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. 659.
› Loureiro, A., Paulo, O.S., Ferramd de Almeida, N., Carretero, M.A., and Paulo, O.S. (2008). Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal (Lisboa).
› Speybroeck, J., Beukema, W., Bok, B., and Van Der Voort, J. (2016). Field guide to the Amphibians and Reptiles of Britain and Europe (London: Bloomsbury Publishing Plc).
› http://www.iucn.org/
http://naturlink.sapo.pt/Natureza-e-Ambiente/Fichas-de-Especies/content/Ficha-do-Sardao?bl=1&viewall=true#Go_1


Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *