Melro-preto (Turdus merula)

O melro-preto é uma ave facilmente identificável e muito conhecida, que pode ser observada com frequência nos nossos jardins a apanhar invertebrados. Habita uma grande variedade de habitats, sendo uma das espécies mais bem distribuídas pelo território português.  

 [© Armando Caldas, todos os direitos reservados] – Macho

Taxonomia
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Turdidae
Género: Turdus
Espécie: Turdus merula
 
Ecologia
Estatuto de conservação em Portugal: “Pouco preocupante” (LC).
O melro-preto está presente em grande parte da Europa, exceto na zona mais oriental da Península Escandinava. Também pode ser encontrado na Islândia, nalgumas partes da Ásia e no Norte de África (ver aqui o mapa de distribuição). Em Portugal, ocorre de norte a sul, em todas as regiões do país. É provavelmente a ave portuguesa com a distribuição mais alargada durante todo o ciclo anual, encontrando-se desde o alto das serras mais agrestes (exceto nas zonas mais frias da serra da Estrela) até ao nível do mar.
O melro-preto é uma espécie principalmente florestal, frequentando qualquer biótopo com floresta, embora seja raro em eucaliptais extensos e em pinhais contínuos e sem sub-bosque. Evita locais sem qualquer vegetação arbustiva, mas uma mancha de arbustos isolada com um certo desenvolvimento, possivelmente serve de abrigo e até de local de nidificação. Assim sendo, esta ave pode ser facilmente observada em jardins dos centros das grandes cidades portuguesas. Nas zonas mais abertas e mais áridas onde o coberto arbustivo falta, como por exemplo certas planícies do Baixo Alentejo, é relativamente escasso. Contrariamente, em zonas com bosques e sebes intercalados com prados e campos agrícolas, em bosques de caducifólias e em montados densos com sub-bosque é especialmente abundante.
Em Portugal o melro-preto é residente, no entanto no Inverno as populações são reforçadas com alguns indivíduos vindos doutros locais da Europa, embora estes números sejam poucos significativos. Na Europa as populações das regiões mais setentrionais são migradoras, enquanto que as meridionais são principalmente residentes.
É uma espécie diurna, que pode ser ouvida a vocalizar desde as primeiras horas da manhã até ao crepúsculo.
Tem como principais inimigos naturais o gato-doméstico (Felis silvestris catus), a raposa (Vulpes vulpes), aves de rapina (como o gavião (Accipiter nisus)) e o gaio, que se alimenta dos seus ovos.
Alimentação: Sobretudo invertebrados, sendo estes capturados no solo ou na vegetação baixa. No Inverno também se alimenta de frutos e bagas diversas.

Morfologia Externa e Identificação
Comprimento: Entre 23,5 – 29 cm.
O macho é todo ele preto, apresentando o bico e o anel orbital amarelos. As fêmeas têm uma plumagem castanha-fuliginosa, garganta mais pálida que o resto do corpo, peito difusamente sarapintado e bico e anel orbital mais escuros e menos amarelos em comparação com o macho. Os juvenis acabados de sair do ninho são parecidos com as fêmeas, mas muito mais pintalgados. Durante o primeiro inverno, os juvenis macho ainda não apresentam os tons vistosos no bico e no anel orbital.
O canto do melro-preto pode ser ouvido desde princípios de fevereiro, tornando-se bastante frequente a partir de março até junho/julho. Durante o verão praticamente não cantam (apenas emitem chamamentos), no entanto no outono, bastante esporadicamente, podem se fazer ouvir.
Ouvir aqui as diferentes vocalizações do melro-preto.

 [© Armando Caldas, todos os direitos reservados] – Juvenil

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=Uvat5Bt-UUY]

Reprodução
O melro-preto pode ter até 3 ninhadas por ano, sendo a primeira normalmente entre março e abril. A época de reprodução prolonga-se pelo menos até ao mês de julho. Os ninhos têm a forma de uma taça e são construídos em árvores ou arbustos (entre 1 e 4 metros a cima do solo), mas por vezes também em cavidades de escarpas e construções humanas.
As posturas mais frequentes são compostas por 3 a 5 ovos, cuja incubação dura 12 a 14 dias. As crias começam a voar passados cerca de 14 dias após o nascimento. Os casais mantêm-se para sempre e apenas se dividem quando um dos indivíduos morre.
 
Bibliografia
Cabral, M.J., Almeida, J., Almeida, P.R., Dellinger, T., Ferrand, A.N., Oliveira, M.E., Palmeirim, J.M., Queirós, A.I., Rogado, L., and Santos-Reis, M. (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. (Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa).
Catry, P., Costa, H., Elias, G., and Matias, R. (2010). Aves de Portugal: Ornitologia do Território Continental. (Lisboa: Assírio & Alvim).
Svensson, L. (2012). Guia de Aves (2º edição). Assírio & Alvim, Porto.
http://maps.iucnredlist.org/map.html?id=22708775
http://naturlink.sapo.pt/Natureza-e-Ambiente/Fichas-de-Especies/content/Ficha-do-Melro-preto?bl=1&viewall=true

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *