Lagartixa-do-mato-comum (Psammodromus algirus)

A lagartixa-do-mato-comum (Psammodromus algirus) é uma das lagartixas mais numerosas de Portugal. Pode ser vista facilmente em diferentes habitats, mesmo perto das nossas casas. Alimenta-se de variados invertebrados, tornando-se importante e benéfica no controlo das populações.

[© Armando Caldas, todos os direitos reservados] – Fêmea de lagartixa-do-mato-comum.

Taxonomia
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Família: Lacertidae
Género: Psammodromus
Espécie: Psammodromus algirus

Distribuição e Ecologia
Estatuto de conservação em Portugal: “Pouco preocupante” (LC). Mundialmente está classificado com o mesmo estatuto, pois apesar de não ter uma distribuição ampla, tolera uma grande variedade de habitats, a população é grande e é improvável que se verifique um declínio que justifique uma categoria mais preocupante.
A lagartixa-do-mato-comum ocorre por toda a Península Ibérica (exceto nas regiões com clima marcadamente atlântico e eurosiberiana), Sudeste de França e Norte de África. Em Portugal pode ser encontrada por todo o território, com exceção de uma área do litoral Norte.
A presença deste lacertídeo depende de habitats com cobertura arbustiva não muito desenvolvida, mas pode ser encontrado numa grande variedade de habitats. Ocorre em dunas costeiras e zonas húmidas adjacentes, pastagens naturais ou artificiais, matos esclerofilos, bosques mediterrânicos com cobertura arbustiva e bosques caducifólios ou de coníferas. Pode ocupar também habitats muito modificados, como pinhais de produção e margens de caminhos. Aparece até aos 1600 m de altitude na Serra da Estrela.
Geralmente esta espécie hiberna durante os meses mais frios do ano, começando o período de atividade na primavera e terminando-o em outubro. Nas áreas mais quentes pode estar ativa durante todo o ano, sobretudo quando se trata de subadultos. Tem como principais predadores variadas espécies de cobras, o sardão (Lacerta lepida), diversas aves e alguns mamíferos, como a raposa (Vulpes vulpes) e gineta (Genetta genetta). A lagartixa-do-mato é rápida e uma excelente trepadora, utilizando estas capacidades, juntamente com a libertação voluntária da cauda, como principais mecanismos de defesa. Esta espécie emite sons, mas ainda não se sabe qual a sua função. Tem uma longevidade relativamente reduzida, variando entre os 5 e os 7 anos.
Em Portugal ocorre apenas subespécie A.a.algirus, de um total de 4 em toda a sua área de distribuição.
Alimentação: alimenta-se sobretudo de invertebrados, como escaravelhos, formigas, gafanhotos, aranhas e pseudoescorpiões. Por vezes, pode alimentar-se de juvenis de outras espécies de lagartixas, ou até mesmo da própria espécie, e de restos de vegetais.

[© Daniel Santos, todos os direitos reservados] – Macho de lagartixa-do-mato-comum.

Identificação
Comprimento: Pode atingir os 30 cm de comprimento total.
A lagartixa-do-mato é uma lagartixa de tamanho médio, que possui escamas corporais claramente imbricadas e carenadas. Tem uma cabeça alta, com aspeto robusto e não possui colar. Dorsalmente e nos flancos predominam tons acastanhados, com duas linhas dorsolaterais amareladas ou esbranquiçadas. Na zona de inserção das patas posteriores e nas faces laterais da cauda possui tonalidades alaranjadas. Lateralmente pode apresentar ainda 1 a 9 manchas azuis, característica que é mais frequente nos machos. O ventre tende a ser esbranquiçado ou bege.
O dimorfismo sexual torna-se evidente durante a época de reprodução, em que os machos apresentam tonalidades alaranjadas ou avermelhadas na zona da garganta e lados da cabeça. Os machos tendem também a ter uma cabeça mais larga e, de uma maneira geral, são mais robustos do que as fêmeas. Por outro lado, as fêmeas possuem linhas dorsolaterais mais contrastadas do que os machos, que nos casos dos indivíduos mais velhos pode haver uniformidade.
Os juvenis são bastante parecidos com os adultos, mas normalmente têm linhas dorsolaterais menos contrastadas e uma coloração alaranjada mais intensa na zona de inserção das patas posteriores e nas zonas laterais da cauda.

[© Daniel Santos, todos os direitos reservados] – Juvenil de lagartixa-do-mato-comum.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=CsHPjdroGKc]

Reprodução
A época de reprodução estende-se de abril até julho e as fêmeas efetuam 2 ou, excecionalmente, 3 posturas entre maio e julho. Cada postura é composta por 2 a 11 ovos, que são incubados durante 3 meses (as eclosões ocorrem entre agosto e outubro). A maturidade sexual é atingida no primeiro ou segundo ano de vida.

Referências
Cabral, M.J., Almeida, J., Almeida, P.R., Dellinger, T., Ferrand, A.N., Oliveira, M.E., Palmeirim, J.M., Queirós, A.I., Rogado, L., and Santos-Reis, M. (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. (Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa).
Almeida., N.F., Almeida, P.F., Gonçalves, H., Sequeira, F., and Almeida, J.T.F.F. (2001). Guia FAPAS Anfíbios e Répteis de Portugal. (FAPAS, Porto)
http://www.icnf.pt/portal/naturaclas/patrinatur/atlas-anfi-rept/resource/docs/rep/psammodromus-algirus
http://www.iucnredlist.org/details/61558/0

1 thought on “Lagartixa-do-mato-comum (Psammodromus algirus)”

  1. Curioso o estatuto de conservação em Portugal ser “pouco preocupante”, porque na região centro, distrito de Coimbra, concelho de Vila Nova de Poiares, esta espécie passou de ser uma das mais comuns da minha infância (anos 70), em que se viam diariamente às dezenas, senão centenas, pelos caminhos e quintais, para ter visto apenas uma nos 4 anos em que aqui habito desde 2018.

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