Os anfíbios e os répteis são animais maravilhosos e com comportamentos muito interessantes. No entanto, o Homem aprendeu a odiá-los de tal forma que os persegue sem qualquer razão racional válida .
Os anfíbios e os répteis foram os primeiros animais a colonizar o meio terrestre e deles descendem todos os outros grupos de tetrápodes. Os anfíbios foram os primeiros a surgir, derivando de um grupo de peixes do Devónico Médio (há cerca de 400 milhões de anos). No fim do Carbonífero, há 300 milhões de anos, apareceram os répteis originados a partir dos anfíbios.
Estes animais já há muito que são associados a mitos e crenças religiosas que têm, na maior parte dos casos, destruído a sua reputação. As serpentes, por exemplo, em algumas religiões eram considerados animais sagrados (simbolizavam a sabedoria e a saúde), mas noutras representam o demónio, como no caso do Cristianismo e do Judaísmo.
Não há dúvida que estas crenças moldaram ao longo do tempo a opinião pública, mesmo em pessoas não religiosas. Incrivelmente, em pleno século XXI, ainda se testemunham atitudes que remontam a idade média, altura em que o conhecimento que separa a realidade do fictício era practicamente inexistente.
É um facto que o Homem apresenta uma aversão ancestral pelos répteis e anfíbios, que o leva muitas vezes, a perseguir e matar. As serpentes são os animais mais afectados, bem como todas as espécies com aparência semelhante, como os licranços e cobras-de-pernas. É importante referir que estes últimos são lagartos e não serpentes e ao contrário do que muita gente pensa não são animais venenosos. Em locais, como nas serras do Gerês e Montemuro, é comum capturarem-se víboras para a produção de medicamentos tradicionais e amuletos. Outro dos preconceitos acerca das serpentes é que bebem o leite das mães, sejam humanas, ovelhas ou cabras.
Ainda há quem acredite que os sardões (Lacerta lepida) sobem pelas pernas das mulheres quando estão menstruadas e que as osgas cospem nos olhos das pessoas, mas escusado será dizer que nada disto corresponde à realidade.
Segundo a mitologia grega as salamandras-de-fogo (Salamandra salamandra) são resistentes às chamas e que nascem a partir destas (daí o seu nome), esta crença ainda é mantida na actualidade. A observação da saída de salamandras de fogueiras criou tal ideia, mas na realidade o que acontece é que estes animais muitas vezes abrigam-se ou hibernam no meio da lenha e escapam quando a temperatura começa a aumentar. Outros animais são usados em bruxaria, como é o caso dos sapos em que as suas bocas são costuradas (pode ler um feitiço utilizando sapos aqui).
Muitas vezes os anfíbios e os répteis são mortos, não só devido à ignorância das pessoas, mas também ao medo. As serpentes nunca são agressivas só porque sim, apenas atacam se forem apertadas, ou se sentirem ameaçadas; a fuga é sempre a primeira opção, nunca atacam porque apenas querem fazer-nos mal! (penso que o contrario é mais plausível).
Todos estes preconceitos e ideias erradas constituem uma ameaça importante para as populações de répteis e anfíbios e esquecemo-nos que a maior parte destas espécies são importantes no controlo de roedores, insectos e outros animais que podem ser nefastos para as culturas agrícolas e/ou para a saúde pública. Por isso, é o nosso dever desmistificar estes animais e apelar pela sua conservação.
Bibliografia
href=”http://luisbravo.net/spherpetologia/art_crespo01.htm”>http://luisbravo.net/spherpetologia/art_crespo01.htm
http://zoo-centro-pedagogico.blogspot.pt/2012/05/desmistificar-os-repteis-nao-sao.html
http://almamistica.com.br/textos.asp?cod=1087&acao=ler
Almeida. N. e outros (2001). Anfíbios e Répteis de Portugal. Fapas