O coelho-bravo é uma espécie que desempenha um importante papel nos ecossistemas em que está inserido. Em Portugal e no Sudoeste de Espanha, ocorre a subespécie O. c. algirus, diferente da que existe no resto da Europa (O. c. cuniculus).
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Taxonomia
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Lagomorpha
Família: Leporidae
Género: Oryctolagus
Espécie: Oryctolagus cuniculus
Ecologia
Estatuto de Conservação em Portugal: “Quase ameaçado”. A espécie teve uma redução de cerca de 30% nos últimos 10 anos, devido aos níveis de exploração e efeitos de agentes patogénicos.
Ocorre na Europa Ocidental, ilhas britânicas, ilhas Baleares, Córsega, Sardenha e Sicília. Em Portugal está presente em todo o território.
O coelho-bravo (ou coelho-europeu) prefere locais de orla onde exista ligação entre culturas, prados e áreas de mato, de modo a que as zonas de abrigo e alimentação estejam próximas. São encontrados frequentemente durante a noite, a alimentarem-se em campos abertos (como campos agrícolas e prados) e durante o dia refugiam-se em locais com mato. Também podem ser encontrados em bosques, mas evitam florestas de coníferas.
Estes mamíferos são conhecidos por escavarem as suas tocas, chamadas coelheiras. Em grande parte dos casos uma coelheira é composta por um sistema de túneis subterrâneos e as suas características dependem principalmente do habitat e da densidade populacional. São construídas preferencialmente em declives no terreno ou em áreas suficientemente drenadas.
Esta espécie tem hábitos principalmente crepusculares e nocturnos, mas nos locais onde não há interferência do Homem pode ser visto durante o dia. Em locais de baixas densidades formam pares, mas em locais com densidades mais elevadas podem formar grupos de até 20 adultos. Os grupos apresentam uma estrutura social bem definida, ocorrendo interacções mais agressivas durante a época de reprodução, entre machos pelo direito de acasalar e defesa territorial e entre fêmeas pelos melhores locais de reprodução.
Produzem dois tipos de excrementos, os que servem como marcações odoríferas e os sem esta função, ditos “normais”. Os excrementos normais são menos consistentes e ingeridos porque têm um alto valor nutritivo.
O coelho-bravo faz parte da dieta de vários carnívoros, sendo essencial no equilíbrio dos ecossistemas em que estão inseridos. Na Península Ibérica os principais inimigos naturais são as rapinas, a raposa-vermelha (Vulpes vulpes), o lobo-ibérico (Canis lupus signatus) e o lince-ibérico (Lynx pardinus). Em liberdade pode chegar até aos 9 anos de idade.
Alimentação: A dieta varia consideravelmente em em locais diferentes, no entanto, plantas herbáceas e arbustos são o seu principal alimento. As colheita agrícolas e, no Inverno, gramíneas, bolbos e cascas também fazem parte da sua alimentação.
Morfologia Externa e Identificação
Comprimento: Cabeça – cauda: ♂/♀ entre 38,0 – 58,0cm.
A cor da pelagem difere com as regiões, mas no geral é acinzentada em grande parte do corpo. A nuca e as patas têm tons amarelados. As orelhas são mais curtas que a cabeça e a cauda é castanha-escura na zona superior e branca por baixo (visível quando foge). As fêmeas adultas têm cabeças mais alongadas e estreitas que os machos adultos, que possuem bochechas mais largas.
As patas posteriores são muito desenvolvidas, adaptadas ao salto, sendo a corrida feita em apertados ziguezagues.
Os indícios da presença do coelho são os excrementos, mas quando se alimenta também deixa tufos de erva e áreas raspadas onde procura raízes.
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Reprodução
Os acasalamentos ocorrem durante o ano todo, mas a maior parte das ninhadas nascem entre Fevereiro e Agosto. O período de gestação varia entre 28 e 33 dias e o número de crias entre 3 e 12 (em média 5). Podem ter até 7 ninhadas por ano, visto que é possível para as fêmeas pouco tempo após o parto voltar a acasalar (cerca de 30 dias). Os juvenis nascem cegos e sem pelo e o desmame ocorre aos 28 dias.
Esta espécie é capaz de induzir a ovulação e reabsorver os embriões sob condições adversas. As fêmeas que nascem no início da época de reprodução estão aptas a reproduzir-se no mesmo ano.
Bibliografia
Macdonald, D. e outros. 1993. Guias Fapas, Mamíferos de Portugal e Europa. Fapas
http://naturlink.sapo.pt/Natureza-e-Ambiente/Fichas-de-Especies/content/Coelho-bravo-especie-chave-dos-ecossistemas-mediterranicos?bl=1&viewall=true
Almeida, P. e outros. 2005. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. ICNB