Poupa (Upupa epops)

A poupa é uma ave inconfundível da fauna portuguesa, conhecida pela sua proeminente poupa bege com manchas escuras. É uma espécie estival na metade norte do país, mas está presente durante todo o ano na metade sul.

Taxonomia
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Bucerotiformes
Família: Upupidae
Género: Upupa
Espécie: Upupa epops

Em Portugal ocorre a subespécie nominal, Upupa epops epops.

Estatuto de Conservação e Abundância
A poupa está classificada com o estatuto “Pouco preocupante” tanto a nível nacional como a nível internacional. Apesar desta classificação, as populações desta espécie parecem estar a diminuir em toda a sua distribuição, como resultado da destruição de habitat e sobrecaça. Não existem dados sobre a tendência populacional a nível nacional, mas pelo menos no Parque Nacional da Peneda-Gerês parece estar em regressão, talvez como consequência do abandono das práticas agrícolas tradicionais.

Portugal

Global

Distribuição
A poupa pode ser encontrada por toda a Europa e Ásia, com exceção dos territórios mais a norte e nos Himalaias, e também pode ser encontrada em grande parte do território africano.
É uma espécie relativamente abundante em Portugal, que se distribui por todo o país, inclusive na Madeira, mas é claramente mais comum nas zonas mais áridas do Centro e do Sul. Na metade Sul está presente durante todo o ano, no entanto, no Norte e no litoral centro, a poupa é maioritariamente estival.

Ecologia e Comportamento
Habitat: É comum ver a espécie nas imediações de habitações, como aldeias, ou até mesmo terrenos suburbanos, mas normalmente evita locais densamente habitados. Frequenta biótopos bastante variados preferindo zonas com bosque, culturas, pousios e pastagens. Também é numerosa em paisagens mais uniformes, como nas zonas mais áridas do interior alentejano, onde frequenta montados abertos e até mesmo áreas quase desarborizadas. Geralmente evita os locais de maior altitude.
Comportamento: O estatuto migratório da poupa varia com as regiões do país. Na metade Norte é estival, ocorrendo nesta região entre março e setembro, no entanto, ocasionalmente pode ser vista durante o inverno nas zonas mais amenas. Na metade Sul do país é residente, embora seja menos abundante no inverno, e pouco se sabe sobre a possível ocorrência em Portugal de aves vindas de outros países europeus.
A poupa é um animal diurno, que passa a maior parte do tempo no solo e, por isso, é frequentemente observada em campos abertos a alimentar-se, utilizando o seu comprido bico para capturar os invertebrados que se refugiam nas suas tocas. Para além disso, pode ser observada também tomar banhos de sol, abrindo as asas e a cauda contra o solo e inclinando a cabeça para cima, comportamento que durante muitos anos foi considerado erradamente uma postura defensiva. Também toma banhos de areia e pó.

© Daniel Santos Photography
Poupa adulta a alimentar-se.

Predadores e Estratégias de Defesa: A poupa pode ser predada por vários mamíferos e aves de rapina. A longevidade máxima registada para esta espécie é de cerca de 11 anos em estado selvagem.
Dieta: alimenta-se principalmente de insetos grandes, especialmente das suas larvas e pupas. Em Portugal, os ralos são uma opção frequente na sua dieta.

Morfologia Externa e Identificação
Biometrias: Mede entre 25 cm e 29 cm da ponta do bico à ponta da cauda e pesa entre 47 e 87 g. A envergadura varia entre os 44 e os 48 cm.
A poupa é uma das aves mais peculiares e inconfundíveis da avifauna portuguesa. A cabeça, o pescoço e o peito têm uma tonalidade bege, mas a crista (característica que dá o nome à espécie) é a particularidade morfológica mais óbvia, sendo também bege na base, com manchas brancas no meio e negras na ponta. O bico é bastante comprido e curvado para baixo, permitindo-lhe assim alcançar os invertebrados que se escondem no solo. As asas são largas e arredondadas com listras pretas e brancas e a causa é preta, com uma barra branca presente em ambos os lados.

© Daniel Santos Photography
Poupa adulta a exibir a crista.

Juvenil: Os juvenis depois de saírem do ninho tendem a ter plumagem geralmente felpuda e solta e uma tonalidade mais escura do que os adultos.
Vocalizações: Pode ser ouvida sobretudo de meados de novembro até meados de junho, mas nota-se uma maior intensidade dos chamamentos entre março e abril.

Voo: Voa frequentemente a baixa altitude junto ao solo, apresentando um voo com um ritmo irregular, de ondulações curtas e com pequenos deslizes, colocando as asas junto ao corpo.
Espécies similares: A poupa é uma espécie inconfundível, não existindo qualquer outra espécie similar em Portugal.

Reprodução
Nidifica em cavidades, tanto de árvores como de edifícios em ruínas. Em terreno europeu cria geralmente uma ninhada por ano, podendo criar uma segunda em regiões mais meridionais. As posturas são constituídas, normalmente, por 7 ou 8 ovos, mas podem variar entre 4 e 12. A incubação dura cerca de 15 dias e as crias começam a voar por volta dos 26-29 dias.

© Armando Caldas
Poupa adulta a dirigir-se para o seu ninho.

Bibliografia
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