O sapo-comum (Bufo spinosus) é o maior sapo da herpetofauna portuguesa e é também um dos anfíbios mais comuns do país. Há alguns anos as populações ibéricas estavam classificadas como pertencentes à espécie Bufo bufo, mas recentemente foram consideradas como uma espécie diferente.
Taxonomia
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Amphibia
Ordem: Anura
Família: Bufonidae
Género: Bufo
Espécie: Bufo spinosus
Anteriormente pensava-se que a espécie Bufo bufo ocorria por toda a Europa, mas estudos genéticos comprovaram que a subespécie Bufo bufo spinosus era diferente o suficiente para ser considerado como uma espécie à parte e, assim, deu-se a classificação da espécie Bufo spinosus, que é a que está presente na Península Ibérica.
Estatuto de Conservação e Abundância
O sapo-comum é um dos anfíbios mais abundantes de Portugal e, por isso, está classificado com o estatuto de conservação “Pouco Preocupante”.
Portugal
Mundial
Distribuição
O sapo-comum encontra-se amplamente bem distribuído pela Península ibérica e na metade Oeste da França. Em Portugal é uma espécie bastante comum, podendo ser observada por todo o território.
Ecologia e Comportamento
Habitat: Ocorre numa grande diversidade de habitats, com preferência em zonas agrícolas, zonas de montanha, montados e bosques de caducifólias, desde o nível do mar até aos 1870 m de altitude na Serra da Estrela. Também é comum ver esta espécie em jardins, próximos das habitações humanas. Os adultos recorrem à água somente no momento da reprodução, utilizando preferencialmente massas de água permanentes, com boa exposição solar, para se reproduzirem e porem os ovos, tais como zonas estagnadas de rios, albufeiras e charcos.
Comportamento: O sapo-comum tem o seu pico de atividade durante o crepúsculo e durante a noite, mas em dias húmidos e chuvosos também pode se encontrar ativo de dia. É uma espécie pouco sedentária, afastando-se muitas vezes alguns quilómetros dos locais de reprodução e, por isso, durante a época de reprodução efetua longas migrações em grandes grupos para as massas de água, morrendo muitos indivíduos atropelados nas estradas. Tem uma grande tendência para se reproduzir no local de nascença.
Predadores e Estratégias de Defesa: Os seus principais predadores são as cobras-de-água (Natrix maura e Natrix astreptophora), víboras (Vipera latastei e Vipera seoanei), diversos mamíferos carnívoros e aves, entre as quais se destaca a águia-calçada (Hieraaetus pennatus), a águia-cobreira (Circaetus gallicus) e os milhafres (Milvus migrans e Milvus milvus). As larvas são predadas por algumas larvas de insetos aquáticos, cobras de água e aves aquáticas. Para se defenderem dos seus predadores, os adultos de sapo-comum incham o corpo, erguem-se sobre as patas e baixam a cabeça, podendo também libertar secreções glandulares, especialmente das parótidas. Estas secreções são relativamente eficazes contra alguns animais, no entanto, não são prejudiciais para o Homem, podendo causar apenas alguma irritação quando em contacto com mucosas ou feridas. Normalmente podem viver entre 7 e 10 anos na natureza, mas existem indícios de que pode ter uma longevidade maior. Em cativeiro podem viver mais de 30 anos.
Dieta: A dieta dos adultos consiste essencialmente em invertebrados, tais como centopeias, escaravelhos, moscas, borboletas, minhocas e lesmas. Também pode comer outros anfíbios. As larvas alimentam-se de matéria vegetal.
Morfologia Externa e Identificação
Biometrias: É o maior anuro da fauna portuguesa, sendo as fêmeas maiores que os machos, que normalmente não ultrapassam os 10 cm. As fêmeas podem atingir os 18 cm de comprimento.
Adulto: A cabeça é grande, de forma mais ou menos arredondada e o focinho é curto. Tem olhos grandes, com pupila horizontal e íris alaranjada ou avermelhada, ligeiramente pigmentada de escuro. As glândulas parótidas são bem visíveis e ligeiramente oblíquas e o tímpano é pequeno e difícil de ver. Os olhos são grandes, com pupila horizontal e íris de cor alaranjada. Os membros são curtos, mas robustos com quatro dedos nos anteriores e cinco nos posteriores, estes últimos com membranas interdigitais pouco desenvolvidas.
A coloração dorsal é bastante variável, podendo encontrar-se indivíduos com tonalidades acastanhadas ou beges. Apesar de alguns indivíduos serem uniformes, outros apresentam no dorso manchas amareladas, esbranquiçadas ou negras de tamanho variável. O ventre é esbranquiçado com manchas escuras dispersas.
Os machos, para além de serem mais pequenos do que as fêmeas, durante a época de reprodução apresentam calosidades escuras nos três dedos internos e no tubérculo matacarpiano interno de cada membro anterior.
Larva: As larvas são pequenas, em geral entre 15 a 30 mm de comprimento e o espiráculo está situado no flanco esquerdo e dirigido horizontalmente para trás. A membrana caudal é mais ou menos simétrica dorso-ventralmente, convexa e relativamente baixa. O dorso é escuro, quase preto, e por vezes com pontos prateados ou dourados, por outro lado, o ventre em geral é acinzentado e pode apresentar manchas negras.
Espécies similares: O sapo-comum é geralmente fácil de identificar, no entanto, para um observador inexperiente um sapo-corredor (Epidalea calamita) pode causar alguma confusão. Este último apresenta glândulas parótidas dispostas de forma paralela, íris esverdeada e uma linha vertebral clara
Reprodução
A época de reprodução prolonga-se desde Novembro até Abril, embora nas zonas mais frias comece apenas no final do inverno. O amplexo é axilar e ocorre normalmente dentro de água e devido à grande competitividade entre machos, por vezes, ocorrem amplexos de uma fêmea com vários machos. As fêmeas depositam entre 2000 e 8000 ovos, em cordões gelatinosos até 5 metros de comprimento. A eclosão ocorre passados 5 a 18 dias e, dependendo da temperatura da água e da disponibilidade de alimento, a duração do período larvar oscila entre os 2 e 4 meses. Os sapos recém-metamorfoseados são pequenos, medindo cerca de 10 mm de comprimento. A maturidade sexual é atingida no terceiro ano de vida.
Referências
› Almeida., N.F., Almeida, P.F., Gonçalves, H., Sequeira, F., and Almeida, J.T.F.F. (2001). Guia FAPAS Anfíbios e Répteis de Portugal. (FAPAS, Porto)
› Cabral, M.J., Almeida, J., Almeida, P.R., Dellinger, T., Ferrand de Almeida, N., Oliveira, M.E., Palmeirim, J.M., Queirós, A.I., Rogado, L., and Santos-Reis, M. (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. 659.
› Loureiro, A., Paulo, O.S., Ferramd de Almeida, N., Carretero, M.A., and Paulo, O.S. (2008). Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal (Lisboa).
› Speybroeck, J., Beukema, W., Bok, B., and Van Der Voort, J. (2016). Field guide to the Amphibians and Reptiles of Britain and Europe (London: Bloomsbury Publishing Plc). › http://www.iucn.org/