A víbora-de-Seoane (Vipera seoanei) é a serpente mais ameaçada de Portugal, ocorrendo apenas o esxtremo Noroeste do país. É uma espécie venenosa, no entanto ataca apenas se for perturbada, pois a primeira opção é sempre a fuga.
Taxonomia
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Família: Viperidae
Género: Vipera
Espécie: Vipera seoanei
Distribuição e Ecologia
Estatuto de conservação em Portugal: “Em Perigo” (EN), pois a espécie tem uma distribuição muito reduzida. Apresenta fragmentação elevada e, como se não fosse suficiente, a qualidade do habitat e o número de indivíduos têm diminuído. Mundialmente está classificado como “Puco Preocupante” (LC).
A víbora-de-Seoane ocorre no extremo Norte da Península Ibérica, desde o litoral Oeste de Espanha até aos Pirenéus Franceses. Em Portugal ocorre numa área extremamente reduzida, em núcleos no Noroeste, nomeadamente nas Serras de Castro Laboreiro, Soajo, Tourém, Larouco e Montalegre (pode ver o mapa de distribuição aqui).
Habita preferencialmente zonas de lameiros, prados e matos rodeados por muros de pedra, com cobertura arbustiva baixa, mais ou menos densa, na proximidade de cursos de água. Pode ainda ocorrer em zonas de floresta.
É uma espécie diurna, mas pode apresentar atividade crepuscular ou noturna durante os meses mais quentes do ano. Tal como grande parte dos restantes répteis hiberna, desde finais de outubro-novembro até fevereiro-março, período que pode variar de acordo com as condições climáticas de cada ano e com a altitude. Tem vários predadores naturais, dos quais se destacam a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), a raposa (Vulpes vulpes), a lontra (Lutra lutra) e o gato-bravo (Felis silvestris). Quando ameaçada opta sempre pela fuga, no entanto quando não o consegue fazer opta por um comportamento agressivo e pode chegar a morder.
É uma espécie venenosa solenoglifa, o que significa que os dentes inoculadores estão situados na região anterior do maxilar. O seu veneno, tal como o da víbora-cornuda (Vipera latastei), não é muito forte comparado com o de outras víboras, mas deve-se ter especial preocupação com crianças, idosos e indivíduos alérgicos ao veneno. É importante salientar que estes animais só mordem se se sentirem apertados ou se alguém os tentar apanhar, pois a primeira opção é sempre a fuga e, por isso, desaparecem mesmo antes de os vermos.
Pode sobreviver até aos 13 anos de idade.
Em Portugal ocorre a subespécie nominal (V. s. seoanei).
Alimentação: apresenta uma dieta muito variada, na qual se incluem micromamíferos, répteis, anfíbios e aves (passeriformes).
Identificação
Comprimento: entre 45-50 cm.
A víbora-de-Seoane é uma víbora de pequeno tamanho, com corpo robusto, cauda curta e cabeça triangular bem diferenciada do tronco. O dorso está coberto por escamas carenadas e as placas cefálicas são fragmentadas. A pupila é vertical e a íris é dourada ou avermelhada. O dorso é cinzento, castanho claro ou bege, com uma banda vertebral mais escura e de largura variável, à qual se juntam umas manchas escuras, que podem ser opostas ou alternadas, formando bandas transversais ou um zigue-zague respetivamente. Na parte posterior da cabeça é comum existirem duas manchas escuras que formam um “V” invertido e nos flancos surgem frequentemente manchas arredondadas, também escuras. O ventre é negro ou acinzentado, com manchas esbranquiçadas. Alguns indivíduos são todos pretos.
As fêmeas atingem um tamanho ligeiramente superior ao dos machos, que normalmente apresentam cores e desenhos mais contrastados.
Esta espécie pode ser confundida com a víbora-cornuda, mas distingue-se por apresentar o focinho menos proeminente e a cabeça menos triangular.
© Armado Caldas
Diferença no focinho entre a Víbora-de-Seoane (esquerda) e a víbora cornuda (direita).
Reprodução
Existem duas épocas de reprodução e os acasalamentos ocorrem nos meses de abril e maio e entre agosto e outubro. O número de crias por ninhada depende do tamanho da fêmea, variando entre 3 e 10 crias. A maturidade sexual é alcançada aos 3 ou 4 anos de idade, quando atinge cerca de 30 a 40 cm de comprimento.
Referências
– Cabral, M.J., Almeida, J., Almeida, P.R., Dellinger, T., Ferrand, A.N., Oliveira, M.E., Palmeirim, J.M., Queirós, A.I., Rogado, L., and Santos-Reis, M. (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. (Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa).
– Almeida., N.F., Almeida, P.F., Gonçalves, H., Sequeira, F., and Almeida, J.T.F.F. (2001). Guia FAPAS Anfíbios e Répteis de Portugal. (FAPAS, Porto)
– Godinho, R., Teixeira, J., Rebelo, R., Segurado, P., Loureiro, A., Álvares, F., Gomes, N., Cardoso, P., Camilo-Alves, C., and Brito, J. (1999) Atlas of the continental Portuguese herpetofauna: an assemblage of published and new data. Rev. Esp. Herp. 13:61-82
–http://naturlink.sapo.pt/Lazer/Turismo-na-Natureza/content/Picadas-e-mordeduras-de-animais/section/5?bl=1&viewall=true#Go_5
-http://www.iucnredlist.org/details/61594/0
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